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domingo, 24 de julho de 2011

AVALIAÇÃO PEUGEOT 408 !!











A entrada do Peugeot 408 no segmento de sedãs médios mostrou um problema instantâneo para a marca. Como o seu antecessor foi o 307 sedã, um modelo que pouco agradou, a marca francesa foi obrigada a praticamente recriar sua imagem neste nicho. Esta responsabilidade foi designada à versão topo de linha do 408, a Griffe. Isso porque é ela que conta com os diferenciais que atraem os clientes e chamam a atenção nas propagandas, como o GPS no painel e os faróis de xenônio autodirecionáveis.
Com este filão de mercado "superpopuloso", a briga foi complicada. O 408 iniciou as suas vendas em abril com tímidas 435 unidades. No mês seguinte já foram 607, enquanto que em junho chegou aos 705 exemplares. Não é suficiente para levar o sedã da Peugeot a escalar o ranking dos médios, mas já o põe no bolo, principalmente graças às recentes quedas de vendas de modelos mais antigos, como o Citroën C4 Pallas e o Nissan Sentra ­ os que mais sofreram com a nova concorrência.
A aposta da Peugeot na tentativa de uma virada de jogo no segmento foi focar principalmente no design, um das principais reclamações em relação ao 307 sedã. A preocupação foi tanta que, diferentemente do modelo anterior, o 408 não tem visualmente nada em comum com o hatch no qual é baseado, o 308 ­ que deverá ser lançado no Brasil no início 2012.
O resultado foi um veículo de desenho harmonioso, com linhas fluidas que parecem aumentar o modelo aos olhos de quem vê. Na dianteira, fica a nova identidade visual de Peugeot, com a grade no formato "bocão" na parte inferior do para-choque. Ainda estão por lá os faróis alongados ­ vagamente inspirados em olhos de felino ­ e o leão rompante, símbolo da marca, envolvido por um arco cromado. De lado, o 408 se mostra um sedã contido, com poucos vincos ou ressaltos na carroceria. A traseira também traz ousadias ­ lembra a do 207 Passion, mas com proporções mais equilibradas. As lanternas são horizontais e se estendem da tampa do porta-malas até a lateral, com destaque, mais uma vez, à logomarca da fabricante.
O resultado é um carro elegante e bastante imponente, também graças às suas grandes dimensões. O médio da marca francesa tem 4,63 metros de comprimento e 2,71 m de distância entre-eixos. A título de comparação, o líder do segmento Toyota Corolla tem 9 cm e 11 cm a menos nas duas medidas, respectivamente.
Nas versões, a Peugeot resolveu apostar no custo/benefício, pelo menos na básica Allure. Ela custa R$ 59.500 e já vem com airbag duplo, ABS, ar-condicionado manual, direção eletro-hidráulica, computador de bordo, rádio/CD/MP3/Bluetooth, trio elétrico e rodas de liga leve de 16 polegadas. O câmbio automático eleva a conta para R$ 64.500. As outras configurações se distanciam dessa proposta. A intermediária Feline ainda adiciona airbags laterais e de cortina, teto solar elétrico, ar-condicionado dual zone, bancos de couro, sensor de estacionamento traseiro, rodas de 17 polegadas, controle de estabilidade e sensores de chuva e luminosidade por R$ 74.900. Enquanto que a "top" Griffe, como o carro testado, conta com GPS com tela retrátil, sensor de estacionamento dianteiro, faróis de xenônio autodirecionais e banco do motorista com regulagem elétrica por R$ 79.900. É bastante, mas é o que se pega para ter o carro da propaganda.
Instantâneas
# O hatch no qual o 408 é baseado, o 308, foi lançado na Europa em 2007 e já passou por uma reestilização. É esse modelo que é esperado para chegar ao Brasil no início de 2012.
# A Peugeot aproveitou a lacuna deixada pelo fim do médio-grande 407 para criar o médio 408. A escolha do "nome" foi estratégica, pois ajuda a passar a impressão de que é um carro maior.
# Segundo a Peugeot, a criação do 408 reuniu profissionais dos centros tecnológicos da marca de Paris, Xangai e São Paulo.
Ficha técnica

Peugeot 408 Griffe

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.997 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro com comando variável de válvulas. Bloco em alumínio. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: Câmbio automático Tiptronic de quatro marchas à frente e uma a ré, com opção de acionamento manual na manopla. Tração dianteira.
Potência: 143 cv com gasolina a 6.250 rpm e 151 cv com etanol a 6 mil rpm.
Torque: 20 kgfm com gasolina e 22 kgfm com etanol, ambos a 4 mil rpm.
Diâmetro e curso: 85 mm X 88 mm. Taxa de compressão de 10,8:1.
Suspensão: Dianteira independente pseudo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos pressurizados e barra estabilizadora desacoplada. Traseira por travessa deformável, barra estabilizadora integrada e amortecedores hidráulicos pressurizados. Oferece controle de estabilidade de série na versão.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. ABS, EDB e EBA.
Pneus: 225/45 R17 em rodas de liga leve.
Carroceria: Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,69 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,52 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. A versão testada oferece airbag duplo frontal, airbags laterais e de cortina.
Peso: 1.527 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 526 litros.
Capacidade do tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Palomar, Argentina.

Ponto a ponto

Desempenho: ­ No papel, os 151 cv de potência despejados pelo motor 2.0 16V parecem suficientes para deixar o 408 com um desempenho interessante. Mas o câmbio automático de quatro velocidades amortece demais o propulsor. As marchas são abertas e longas e as trocas acabam sendo feitas em rotações muito elevadas, prejudicando o consumo. Nem quando se opta pelo modo manual sequencial o resultado fica satisfatório. Nota 6.
Estabilidade: ­ Nesse ponto, o Peugeot foi bem preparado para o gosto brasileiro. Com uma acerto de suspensão rígido, o sedã da marca francesa é um carro bastante firme nas curvas e transmite segurança. A direção precisa e direta, mesmo em velocidades elevadas, também se mostra a favor do 408. Nota 8.
Interatividade: ­ Não há como entrar no 408 e não reparar na imensa área envidraçada, principalmente na dianteira. Isso significa que o motorista consegue ter uma ótima visão do trânsito a sua frente e aos lados. A posição de dirigir é achada facilmente na configuração Griffe, graças aos ajustes elétricos do banco do motorista. O restante dos comandos é bastante intuitivo, inclusive do navegador ­ que conta com tela retrátil. Nota 8.
Consumo: ­ O fato do câmbio ter apenas quatro marchas e ser mal escalonado também prejudica o consumo. O Peugeot 408 conseguiu a média de 6,2 km/l com etanol no tanque. Nota 6.
Tecnologia: ­ O 408 conta com uma plataforma atualizada do 307 ­ a mesma que já equipa o Citroën C4 Pallas. Além disso, traz uma boa lista de equipamentos desde a versão de entrada. O porém fica no conjunto mecânico. O motor até tem boa força, mas o consumo de combustível é alto, enquanto a transmissão se mostra bastante defasada. Nota 7.
Habitabilidade: ­ Não há como negar que a vida a bordo do 408 é fácil. Os 2,71 metros de entre-eixos deixam qualquer ocupante com espaço suficiente para viajar confortavelmente. Os vãos das portas são satisfatórios. O 408 também conta com porta-malas com amortecedores na tampa, que não invadem os 526 litros de espaço do bagageiro. Nota 9.
Acabamento: ­ A Peugeot caprichou no interior do seu sedã. É só passar os olhos e as mãos para notar os materiais emborrachados de ótimo toque. Os itens cromados, como a alavanca do câmbio e as saídas do ar-condicionado ajudam a passar um ar ainda mais requintado para o 408. Frente à concorrência, é um diferencial importante. Nota 9.
Design: ­ A Peugeot resolveu não inventar desta vez. Portanto, sai de linha um carro com visual estranho e pouco harmônico, como o 307 sedã, e entra outro contido, mas muito elegante. Não é que o 408 vá chamar a atenção nas ruas, mas definitivamente não vai fazer feio. Nota 8.
Custo/Benefício: ­ Na versão topo de linha Griffe, a Peugeot cobra altos R$ 79.900. É bastante, mas o carro já vem bem equipado frente à concorrência. Conta com itens exclusivos como GPS rebatível e faróis de xenônio autodirecionáveis. A título de comparação, o líder do segmento Toyota Corolla, em sua versão topo de linha, a Altis, atinge R$ 86.870, enquanto que o Honda Civic EXS sai por R$ 86.750. Nota 7.
Impressões ao dirigir

Paciência e espaço

Um primeiro olhar no 408 revela que, pelo menos no lado estético, a Peugeot conseguiu tirar a má impressão que o 307 sedã causou. Apesar de manter a mesma proposta visual, o novo modelo é um carro mais imponente e mais elegante. Destaque para a alta difusão de cromados no exterior. E essa boa impressão vai também para a parte de dentro. Com um entre-eixos bastante generoso, não é difícil para qualquer um dos ocupantes achar uma posição confortável. O mesmo vale para o motorista, que conta com ajustes elétricos dos bancos e mecânicos da coluna de direção ­ em altura e profundidade.
O acabamento é outro que merece elogios. A Peugeot equipou o seu sedã médio com painéis com plásticos emborrachados, macios ao toque. Os detalhes cromados também ajudam a passar um bom aspecto para o habitáculo. Além disso, a imensa área envidraçada proporciona uma sensação de conforto.
No entanto, os "mimos" que o 408 entrega aos seus passageiros quando está parado, não aparecem no desempenho. O motor até que oferece boa força e potência ­ 22 kgfm e 151 cv ­, mas apenas em rotações muito elevadas. Além disso, o câmbio automático de apenas quatro marchas é muito lento e hesita na hora das reduções. O resultado disso é que o zero a 100 km/h, por exemplo, é cumprido na faixa dos 12 segundos, próximo do Volkswagen Jetta, que conta com apenas 120 cv de potência.

Ao menos, o 408 se mostra um carro acertado quando encara trajetos sinuosos. A suspensão é rígida e permite que o sedã de Peugeot fique sempre na mão do motorista. Outro ponto positivo é a direção, bastante direta e precisa. O lado negativo é que a dureza da suspensão se paga no conforto ao rodar, principalmente na hora de superar a buraqueira das cidades, onde o carro balança sem nenhuma cerimônia.

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